2007-11-04 – CORREIO DA MANHÃ
Demora nas aposentações
Acamado esperou reforma um ano
Um ex-pedreiro que está acamado há mais de um ano, respirando apenas com o auxilio de oxigénio artificial e que mal tem forças para falar viu uma junta médica considerá-lo “não incapaz para trabalhar”, negando-lhe o direito à reforma por uma invalidez inquestionável.
José Almeida Lopes, de 54 anos, residente em Casal do Fundo, Mangualde, trabalhou quatro décadas em pedreiras, os dois últimos anos na Suíça. Uma doença fê-lo regressar mais cedo a Portugal e interrompeu-lhe o desejo de garantir “uma reforma melhor” em terras helvéticas. Em 2005 foi-lhe diagnosticada silicose e apneia aguda, patologias que o conduziram à mesa de operações e que o obrigam a ter de respirar com o auxílio de uma máquina de oxigénio. Da agitação do martelo pneumático utilizado nas pedreiras à cama do quarto da sua residência foi um pequeno passo. Da cama só sai para outra, no serviço de pneumologia do Hospital S. Teotónio, em Viseu.Há cerca de um ano começou a “tratar da reforma por invalidez” mas a sua intenção esbarrou na decisão de uma junta médica de o considerou “não incapaz para trabalhar” pois a sua doença não era “natural” e sim “profissional”. “Mas afinal qual é a diferença?”, interroga-se a sua mulher, Fátima Lopes, adiantando: “Ele deixou de poder trabalhar e de ganhar dinheiro.”“Revoltado” e impotente face ao diagnóstico, José Almeida Lopes recorreu da decisão clínica e resignou-se à doença, sem dinheiro sequer para comprar um leito que melhor se adapte à sua condição. “Passa todo o tempo deitado na cama, não tem forças nem para falar quanto mais para trabalhar!”, lamenta a esposa, que agradece aos vizinhos e amigos o apoio que lhes têm dado. “As nossas economias já acabaram há muito. O dinheiro mal chega para os medicamentos”, lamenta.Porque se trata de uma doença “profissional”, o processo de José Almeida Lopes passou para o Centro Nacional de Protecção Contra os Riscos Profissionais (CNPRP). Foi sujeito a nova junta médica em Julho último e esperou pela resposta do Estado. “É uma situação revoltante porque o meu marido não pode trabalhar e merece receber o que tem direito, fruto de muitos anos de descontos para a Segurança Social”, diz Fátima Lopes.
Luís Oliveira, Viseu / Diana Ramos
Trabalho realizado por:
Carina Santos nº3835
Telma Rocha nº3826
quinta-feira, novembro 08, 2007
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