Acho que ficou muito para dizer... Fiquei com a sensação que muitas das colegas generalizaram a ideia de que se a eutanásia fosse legalizada, todos os que assim entendessem recorriam a ela, tornando-se uma acção banal do nosso dia a dia. Se a nossa Constituição o permitisse, penso que á semelhança da Lei do aborto, seria tecnicamente assistia com a vontade própria de cada individuo, mas sem antes serem observados por quem de direito, isto é, toda uma equipa de profissionais competentes para ajudar e perceber se efectivamente é isso que o observado assim pretende e se é efectivamente o que desejava pois uma vez tomada a decisão causa polémica uma vez que não há regressão e é uma vida que se perde. Muito se falou de doentes em fase terminal, mas será que só esses doentes em fase terminal têm direito em ter uma morte tecnicamente assistida? E todos os outros que até estão em casa, e não estão em fase terminal? Aqueles que tem um corpo inerte e uma cabeça pensante conscientes do que querem Talvez devêssemos ouvir a opinião de um técnico de saúde, e tentar perceber se muitas das vezes não fazem ou melhor, não praticam eutanásia inconscientemente, vendo que não há mais nada a fazer a não ser mimar e acarinhar um doente… Vejamos, quantas pessoas não conhecemos em que já lhe aconteceu situações semelhantes…falou-se tanto em hospitais em custos hospitalares… quantos não são os doentes que em fase terminal os mandam para casa… sem mais nada para fazer do que esperar a morte…será isto qualidade de vida? Será que temos o direito de julgar os outros? Será que o Estado tem o direito de decidir se queremos viver? O direito á vida assiste-nos mas morrer com dignidade também!
Uma das coisas que fiquei sem entender foi a definição de dignidade. Nenhum dos lados explicou esse conceito mas ambos o usaram com frequência, por uma lado seria digno morrer, por outro seria digno continuar vivo. Como entender 'dignidade' nos dias de hoje? Quase todos os casos falados se aproximam a doentes com paralisia cerebral, por ex, e qd olho para alguns desses doentes vejo, por vezes, sorrisos de uma vida com bastantes limitações mas alguma dignidade (?!) Será que devemos ceder aos primeiros impulsos de quem lida com uma perda? Se alguém tiver apenas uma opinião, felicito-o por não considero uma questão onde se possa estabelecer apenas duas opções viáveis, sim e não como opostas e únicas possibilidades. Se é verdade que deveria ser uma medida entendida como uma opção ponderada, ao sê-lo (legal) poderá ter consequências graves de banalização. Todos estamos expostos a cancros sociais que se alastram, como o da depressão e insatisfação geral, a sociedade busca a perfeição e a opção do mais fácil; perdem-se valores morais a velocidade estonteante, por isso me parece complicado lançar, nos dias de hoje, esta possibilidades às ruas. Considero que a grande questão é, estamos preparados para lidar com esta possibilidade se legalizarmos? Poderemos ser nós próprios a estabelecer os limites, ou precisamos que a sua ilegalidade estabeleça a baliza?
Com muita pena minha não assisti à aula de debate, por isso desde já peço desculpa se a minha opinião vai de alguma forma contra a sequência desse debate. Nestes temas polémicos fica sempre muito por dizer e muito por compreender, penso eu e, baseando-me nos comentários anteriores, é-nos muito difícil aceitar que alguém possa tomar certas atitudes que, no fundo, vão contra a própria natureza humana que será de continuidade. Tal como a interrupção voluntária da gravidez (vulgo aborto)nunca será um método contraceptivo, também a eutanásia nunca poderá ser uma solução para o suicídio (acto que considero ser de distúrbio psíquico e de desespero momentâneo). Sei de um empresário que se suicidou num momento de desespero, porque estava cheio de dívidas e a sua empresa em risco. Duvido que se alguém lhe perguntasse se optaria pela eutanásia, ele aceitasse. A eutanásia é uma decisão pensada e ponderada da pessoa. Ela sabe que é um acto sem regresso e, por aquilo que tenho lido, esses casos só se têm colocado em situações muito específicas de doentes ou em casos terminais ou outros que sabem que não têm hipóteses algumas de ter uma vida minimamente digna. Lembro-me p.ex. de um caso em Espanha, de um doente que, embora consciente, só mexia os olhos e a boca, assim permaneceu durante largos anos e durante alguns lutou para que pudesse ter o direito à eutanásia. Sabia que não havia retrocesso para a sua situação de quase vegetal, não foi uma decisão de desespero momentâneo, foi uma decisão pensada e consolidada perante a sua realidade. Não consigo ver que alguém de ânimo leve possa optar por essa solução para os problemas existentes. Imortais só nos filmes. Os nossos valores sociais não nos ensinam a lidar com um momento tão natural, mesmo que esperado, como a morte. É terrivelmente difícil de aceitar, mesmo que todos saibam que não havia vida com dignidade naquele ser. O que é a dignidade na vida ou na morte? Talvez enquanto nos for permitido viver, consigamos fazê-lo sem que isso seja doloroso para nós ou para quem está ao nosso lado, consigamos fazer as nossas necessidades básicas, como falar, andar, comer, fazer a nossa higiene, conhecer as pessoas que estão ao nosso lado, lembrarmo-nos de quem são, etc.!? Diz o povo e é bem certo: para morrer não é preciso sofrer tanto... Fica sempre muito por dizer...
5 comentários:
Para quem gosta de ver Histórias Reais...
http://www.imdb.com/title/tt0369702/photogallery
Acho que ficou muito para dizer...
Fiquei com a sensação que muitas das colegas generalizaram a ideia de que se a eutanásia fosse legalizada, todos os que assim entendessem recorriam a ela, tornando-se uma acção banal do nosso dia a dia.
Se a nossa Constituição o permitisse, penso que á semelhança da Lei do aborto, seria tecnicamente assistia com a vontade própria de cada individuo, mas sem antes serem observados por quem de direito, isto é, toda uma equipa de profissionais competentes para ajudar e perceber se efectivamente é isso que o observado assim pretende e se é efectivamente o que desejava pois uma vez tomada a decisão causa polémica uma vez que não há regressão e é uma vida que se perde.
Muito se falou de doentes em fase terminal, mas será que só esses doentes em fase terminal têm direito em ter uma morte tecnicamente assistida?
E todos os outros que até estão em casa, e não estão em fase terminal?
Aqueles que tem um corpo inerte e uma cabeça pensante conscientes do que querem
Talvez devêssemos ouvir a opinião de um técnico de saúde, e tentar perceber se muitas das vezes não fazem ou melhor, não praticam eutanásia inconscientemente, vendo que não há mais nada a fazer a não ser mimar e acarinhar um doente…
Vejamos, quantas pessoas não conhecemos em que já lhe aconteceu situações semelhantes…falou-se tanto em hospitais em custos hospitalares… quantos não são os doentes que em fase terminal os mandam para casa… sem mais nada para fazer do que esperar a morte…será isto qualidade de vida?
Será que temos o direito de julgar os outros?
Será que o Estado tem o direito de decidir se queremos viver?
O direito á vida assiste-nos mas morrer com dignidade também!
Uma das coisas que fiquei sem entender foi a definição de dignidade. Nenhum dos lados explicou esse conceito mas ambos o usaram com frequência, por uma lado seria digno morrer, por outro seria digno continuar vivo.
Como entender 'dignidade' nos dias de hoje?
Quase todos os casos falados se aproximam a doentes com paralisia cerebral, por ex, e qd olho para alguns desses doentes vejo, por vezes, sorrisos de uma vida com bastantes limitações mas alguma dignidade (?!)
Será que devemos ceder aos primeiros impulsos de quem lida com uma perda?
Se alguém tiver apenas uma opinião, felicito-o por não considero uma questão onde se possa estabelecer apenas duas opções viáveis, sim e não como opostas e únicas possibilidades.
Se é verdade que deveria ser uma medida entendida como uma opção ponderada, ao sê-lo (legal) poderá ter consequências graves de banalização.
Todos estamos expostos a cancros sociais que se alastram, como o da depressão e insatisfação geral, a sociedade busca a perfeição e a opção do mais fácil; perdem-se valores morais a velocidade estonteante, por isso me parece complicado lançar, nos dias de hoje, esta possibilidades às ruas.
Considero que a grande questão é, estamos preparados para lidar com esta possibilidade se legalizarmos? Poderemos ser nós próprios a estabelecer os limites, ou precisamos que a sua ilegalidade estabeleça a baliza?
Com muita pena minha não assisti à aula de debate, por isso desde já peço desculpa se a minha opinião vai de alguma forma contra a sequência desse debate.
Nestes temas polémicos fica sempre muito por dizer e muito por compreender, penso eu e, baseando-me nos comentários anteriores, é-nos muito difícil aceitar que alguém possa tomar certas atitudes que, no fundo, vão contra a própria natureza humana que será de continuidade. Tal como a interrupção voluntária da gravidez (vulgo aborto)nunca será um método contraceptivo, também a eutanásia nunca poderá ser uma solução para o suicídio (acto que considero ser de distúrbio psíquico e de desespero momentâneo). Sei de um empresário que se suicidou num momento de desespero, porque estava cheio de dívidas e a sua empresa em risco. Duvido que se alguém lhe perguntasse se optaria pela eutanásia, ele aceitasse. A eutanásia é uma decisão pensada e ponderada da pessoa. Ela sabe que é um acto sem regresso e, por aquilo que tenho lido, esses casos só se têm colocado em situações muito específicas de doentes ou em casos terminais ou outros que sabem que não têm hipóteses algumas de ter uma vida minimamente digna. Lembro-me p.ex. de um caso em Espanha, de um doente que, embora consciente, só mexia os olhos e a boca, assim permaneceu durante largos anos e durante alguns lutou para que pudesse ter o direito à eutanásia. Sabia que não havia retrocesso para a sua situação de quase vegetal, não foi uma decisão de desespero momentâneo, foi uma decisão pensada e consolidada perante a sua realidade. Não consigo ver que alguém de ânimo leve possa optar por essa solução para os problemas existentes. Imortais só nos filmes. Os nossos valores sociais não nos ensinam a lidar com um momento tão natural, mesmo que esperado, como a morte. É terrivelmente difícil de aceitar, mesmo que todos saibam que não havia vida com dignidade naquele ser. O que é a dignidade na vida ou na morte? Talvez enquanto nos for permitido viver, consigamos fazê-lo sem que isso seja doloroso para nós ou para quem está ao nosso lado, consigamos fazer as nossas necessidades básicas, como falar, andar, comer, fazer a nossa higiene, conhecer as pessoas que estão ao nosso lado, lembrarmo-nos de quem são, etc.!?
Diz o povo e é bem certo: para morrer não é preciso sofrer tanto...
Fica sempre muito por dizer...
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