Raheb Homavandi/Reuters (imagem disponível no Público)
Lavrov encontrou-se com o Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad
Rússia critica sanções unilaterais dos EUA ao Irão
30.10.2007 - 20h39 AFP, PUBLICO.PT
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, reafirmou hoje que as sanções económicas unilaterais contra o Irão, como as aprovadas na semana passada pelos EUA, “não contribuem” para resolução o diferendo relativo ao programa nuclear do país.
Estas iniciativas “não contribuem para atingirmos objectivos colectivos”, afirmou o chefe da diplomacia russa, no final de uma curta visita a Teerão, durante a qual se reuniu com o Presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que ainda há duas semanas recebeu o seu homólogo russo, Vladimir Putin
Na semana passada, Washington aprovou sanções contra os Guardas da Revolução, o ramo ideológico das forças armadas iranianas, a quem acusa de disseminar armas de destruição maciça, e contra a sua força de elite, as Brigadas Al-Qods, suspeitas de apoiar o terrorismo.
Segundo o Departamento de Estado norte-americano, as sanções são uma resposta à “atitude irresponsável” do regime iraniano, acusado de estar a usar o seu programa de enriquecimento de urânio para desenvolver armas nucleares e de apoiar grupos armados na região.
“A Rússia apoia uma resolução pacífica das questões ligadas ao programa nuclear iraniana. Vamos seguir convictamente as decisões que forem adoptadas pelo Conselho de Segurança da ONU”, afirmou Lavrov, numa referência o organismo onde a Rússia detém poder de veto.
Durante a visita a Teerão, o ministro russo pediu ao regime iraniano para desenvolver uma cooperação “mais activa” com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), argumentando que só assim desaparecerão as dúvidas da comunidade internacional em relação ao programa nuclear do país.
"Defendemos mais os interesses europeus" (Imagem Disponivel no DN)
SUSETE FRANCISCO
No meio de sorrisos diplomáticos, troca de palavras e um ambiente de cordialidade, Cavaco Silva e Vladimir Putin fizeram ontem questão de destacar que Portugal e Rússia contam dois séculos de relacionamento sem sombra de diferendo. Mas o primeiro dia da visita do presidente da Federação Russa deixou já outro sinal. Hoje, quando as relações bilaterais derem lugar à cimeira entre a União Europeia (UE) e a Rússia, o tom será muito diferente.
Putin já o deixou antever ontem: "Quando discutimos com a Comissão Europeia, temos por vezes o sentimento de que defendemos mais os interesses europeus."
O líder russo fala em "posições bastante divergentes". A começar por aquele que será um dos temas quentes da cimeira - o futuro estatuto do Kosovo -, sobre o qual Putin dá mostras de não pretender ceder um milímetro. "A nossa posição baseia-se num princípio fundamental do Direito Internacional, a inviolabilidade da integridade territorial de um Estado", sublinhou o presidente russo, na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro, no Palácio de Belém, com o Presidente da República português. "Será que não há problemas em Espanha [de separatismo], ou que podem surgir na Roménia ou, o caso mais grave, na Bélgica?", questionou Putin. Que também deixou bem clara a oposição a um novo "pacote" de sanções ao Irão - que poderá ter como resultado "empurrar a situação para um beco sem saída".
Numa altura em que a comunidade internacional debate a aplicação de novas sanções, face à recusa do Irão em suspender o enriquecimento de urânio - e no mesmo dia em que os EUA decidiram fazê-lo unilateralmente - Putin deixou esta imagem para ilustrar a situação: "Correr com uma faca na mão, a gritar, como um louco, não é a melhor solução."
Posições muito diferentes das defendidas pela UE. Ainda assim, Putin rejeitou que este seja o pior momento nas relações entre os dois blocos desde o fim da Guerra Fria. O que não impediu que, quer Vladimir Putin quer Cavaco Silva, tenham insistido nesta ideia: é preciso diálogo e "confiança mútua".
Depois do encontro com o chefe do Estado, Putin esteve reunido com Sócrates. O primeiro-ministro e presidente em exercício da UE mostrou--se confiante de que a cimeira de hoje "contribuirá para desenvolver os laços entre a União e a Rússia".|
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